Entrevista com Cristina C. C. Vieira

Hoje nossa sala de entrevistas abre espaço para uma querida amiga que a literatura me deu em 2021. Ela é mãe, amiga, professora, revisora, escritora e muito mais. Além de ser uma ótima parceira de conversas no Boteco Literário. Tida como um dos nomes fortes da atual geração de escritoras de contos, Cristina C. C. Vieira é um expoente da literatura, que promete sacudir o mercado literário ao seu redor daqui em diante com algumas novidades. E olha que, conhecendo seu potencial, não me surpreendo que ela realmente faça todo esse barulho.

CRISTINA POR CRISTINA.

Sou carioca, mas moro em Santa Catarina desde 2013. Fiz Faculdade de Letras, leciono desde 2001. Sou viúva, duas vezes. Tenho uma filha de 17 anos que teve o diagnóstico de autista nível 1, na adolescência. Também sou revisora de texto e escritora.

ESTAR EM SALA DE AULA TE IMPULSIONOU A ESCREVER?

Desde a minha adolescência devorava livros, gostava de assistir filmes no cinema e séries na TV aberta, pois na década de 80 era o que tinha (e era muito bom), então comecei a escrever, mas ninguém leu, engavetei a minha escrita. Depois da faculdade, iniciando o trabalho em sala de aula, em escolas particulares, na época, participei de um projeto de Feira da Cultura, em que tinha concurso de poesia, contos, entre os alunos e também entre os professores, então retornei a escrever. No meu último ano, nessa escola, antes de me mudar para Santa Catarina, meu texto ficou em primeiro lugar no concurso entre os professores. Atualmente, tenho trabalhado bastante em escolas públicas a interpretação, leitura e escrita.

JÁ LEVOU ALGUM TEXTO SEU PARA A SALA DE AULA? CASO NÃO, PENSA EM FAZÊ-LO?

Já. Vários textos. Ano passado, a turma do 6º ano adorava quando eu lia conto meu, pediam emprestado a antologia, pediam para eu ler outros contos do livro, mas tinha aluno que me acompanhava nas redes sociais e quando eu postava que a antologia havia chegado, já tinha mensagem no meu direct: "Professora, leva para a aula e lê o seu conto". Isso é muito bom!

QUAL É O MAIOR DESAFIO DE UMA ESCRITORA NO BRASIL?

O maior desafio é você levar a sua leitura para o maior número de pessoas. Muitos não têm o hábito de leitura, não querem comprar livro, e falta o financeiro para poder investir mais no meu trabalho.

QUAL SUA INSPIRAÇÃO DIÁRIA PARA ESCREVER?

Escrever para mim é uma terapia. Amo participar de Concursos Literários e ver meu conto sendo selecionado, é claro que nem sempre isso acontece, mas é uma sensação maravilhosa quando você vê seu nome e o título do conto, como um dos selecionados ou finalista de prêmio, por exemplo.

COMO SUA FAMÍLIA E SEUS AMIGOS REAGEM À SUA ESCRITA?

Minha família, pai, mãe, irmã, irmão e filha, eles estão sempre ao meu lado e apoiando todas as antologias que eu participo e sentem orgulho de mim. Em relação a amigos, tenho poucos que torcem por mim, entretanto, o mundo literário me proporcionou conhecer outros escritores, e alguns se tornaram meus amigos e torcem muito por mim, sem competição.

UM LIVRO INESQUECÍVEL.

Um só? (risos) "Amar verbo intransitivo", de Mário de Andrade, por ter sido o primeiro livro nacional que fez com que eu amasse ler.

QUAL HISTÓRIA FAMOSA VOCÊ REESCREVERIA E DARIA SEU "TOQUE PESSOAL"?

Olha, acho que "Dom Casmurro", de Machado de Assis. Escreveria pelo ângulo da personagem Capitu.

AINDA HÁ PESSOAS QUE TORCEM O NARIZ COM A LITERATURA NACIONAL OU ISSO É COISA DO PASSADO?

Infelizmente, ainda tem. Vejo até no ambiente do meu trabalho.

UMA BOA HISTÓRIA PRECISA TER?

Um suspense, algo que instiga o leitor, aquele momento que você faz o leitor criticar, pensar, "Mas, por que isso aconteceu?" "Fiquei triste com tal personagem", enfim, que motive a leitura e não tenha uma linguagem mecânica, ou seja, que não "encha linguiça".

QUAIS SÃO SUAS REFERÊNCIAS NO MERCADO LITERÁRIO?

Minhas referências fortes são Lygia Fagundes Telles, Mário de Andrade, Machado de Assis, Agatha Christie, Sidney Sheldon, A série Harry Potter, Ganymedes José, Pedro Bandeira. E, atualmente, ainda estou descobrindo.

POR SER REVISORA, VOCÊ PERCEBE NAS SUAS REVISÕES, QUE A NOVA "SAFRA" DE ESCRITORES É UMA GERAÇÃO SINGULAR?

Boa pergunta essa. Nas revisões, consigo perceber que alguns têm dificuldade para colocar no papel as suas ideias, ficando uma escrita mecânica. Às vezes, por falta de leitura, outras, por dificuldade mesmo em se expressar na escrita. Um bom contador de histórias orais, nem sempre é bom na escrita, mas só há melhora, lendo e escrevendo, ou seja, a escrita é um exercício que precisa de inspiração, seja por meio da leitura, séries e filmes também. Ah! E, estudando também, para adquirir mais conhecimento de mundo.

QUAIS PROJETOS PARA 2022?

Tenho alguns: publicação de original meu; finalizar meu original de fantasia; continuar participando de concursos literários; continuar meu trabalho em sala de aula; desenvolver um método prático para auxiliar os escritores em sua escrita, tanto para a revisão, quanto para a criatividade; ser antologista (estou pensando nisso kkkk).

UMA FRASE QUE TE MARCOU E PODERIA SER DITA POR VOCÊ.

"A persistência é o caminho do êxito". (Charles Chaplin)

UM PERSONAGEM CATIVANTE NO QUAL VOCÊ SERIA AMIGA.

A raposa do Pequeno Príncipe.

DEIXE UMA MENSAGEM PARA SEUS LEITORES E AMIGOS.

Acredite sempre em você, no seu potencial! A gente vive, sobrevive, escreve para você leitor poder se deliciar nas histórias e poder ter um pouco mais de acalento nas horas de dificuldade. Não desista dos seus ideais e aprecie a literatura brasileira, que é riquíssima.

RESPONDA COM APENAS UMA PALAVRA AS PERGUNTAS ABAIXO:

BRASIL? - Rio de Janeiro

SAUDADE? Avó.

SONHO? Sítio

MEDO? Dirigir

LITERATURA? Brasileira

FAMÍLIA? Porto seguro

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